O café é o seu melhor jeito de começar o dia? Então, iniciamos muito bem a nossa relação.
Que tal aprofundarmos a nossa conversa com compartilhamento de conhecimento? Para começarmos, decidi falar com você sobre a história do café e os caminhos que circulam os grãos pelo mundo.
Surpreendentemente não existe uma origem do café oficial na literatura, mas há algumas lendas que explicam como essa bebida tão popular chegou até nós. Contudo, existe um caso bem legal sobre a descoberta do café, que eu adoro e, por isso, decidi usá-lo para narrar o início da popularidade dos grãos.
Segundo alguns pesquisadores, a origem do café no mundo ocorreu aproximadamente em 575. Na ocasião, um pastor de ovelhas chamado Kaldi levou cabras para caminharem no alto de uma montanha em Gimma, na Etiópia – que fica no continente africano.
As cordilheiras de Gimma e a origem do café no mundo
Os desenhos das cordilheiras e a calmaria do lugar eram deslumbrantes. O paraíso natural das montanhas de Gimma foram ideais para o descanso do pastor e das ovelhinhas. O ambiente oferecia um clima tranquilo e as ovelhas saíram saltitantes pelo lugar.
Quando Kaldi acordou, os animais estavam diferentes e muito animados. Ficou curioso(a) aí, né? O pastor buscou entender aquele movimento e o que havia ocorrido entre as árvores baixinhas no meio da floresta.
Ele foi rápido e observou que os animais voltaram animados depois de saltarem pela floresta fechada. Conseguiu visualizar a cena por aí? Kaldi viu e, imediatamente, ele cortou um galho das árvores pequenas, chamou o rebanho e correu de volta para a aldeia. A curiosidade de Kaldi foi fundamental para a história do café, origem e trajetória em toda a Etiópia. O respaldo e validação para os ramos da animação vieram a partir da percepção do respeitado sacerdote Wise, a fim de entender o que aqueles ramos de fato significavam.
A primeira torra de café
A solução do líder da aldeia foi cozinhar aquelas frutinhas cheias de caldo. Porém, o gosto foi amargo de tal forma que ele jogou a planta no fogo. A atitude do sacerdote por muito pouco destruiu a história do café na sociedade, porém o perfume que subiu da fogueira salvou a humanidade e gerou curiosidade em cada canto da aldeia.
Foi assim que o café, origem e história começaram a fazer parte das nossas vidas. É claro que, nesse início, tudo foi muito custoso e composto por boas coincidências. Tanto que o ato de jogar os ramos na fogueira é dito por nós (do mundo do café) como o primeiro processo de torrefação da história.
A descoberta da torra das sementes no fogo deram origem à infusão estimulante, que foi nomeada na aldeia como “bunna”. Sendo que, o estimulante em questão foi bem literal. Para se ter uma ideia, após a descoberta de energia, o povo da aldeia subiu montanha e outros mais animados até transcreveram a bíblia inteira.
Essa origem do café na Etiópia integra a construção social de toda a região. Tanto que, ainda hoje, a bebida é parte de um ritual bonito, com intervenções repletas de magia e conexão com a ancestralidade.
A história do café no Brasil
No Brasil, a construção social é potente e o café figura em marcos importantes da história do país. O protagonismo é perene e ainda nos dias de hoje conta com produtividade aclamada em todo o mundo.
Para você ter uma ideia, estima-se que o consumo de café no planeta chegou a 170,3 milhões de sacas de café de 60kg, em 2022. Os dados constam no Relatório sobre mercado de café, da Organização Internacional do Café (OIC), que é coordenado pela Embrapa Café.
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, além de ocupar o segundo lugar no consumo da bebida. No ranking, o destaque é o seguinte, sendo que as lavouras brasileiras produzem mais que o segundo e o terceiro lugar juntos em produção em sacas:
1º lugar: Brasil, 50 milhões de sacas.
2º lugar: Vietnã, 30 milhões de sacas.
3º lugar: Colômbia, 13 milhões de sacas.
4º lugar: Indonésia, 9,4 milhões de sacas.
5ª lugar: Etiópia, 7,5 milhões de sacas.
A origem dos grãos no Pará
Mas o início da história do Brasil foi tardia (em relação aos países da Europa, por exemplo). Os relatos oficiais da história do café no Brasil mostram que a porta de entrada dos grãos foi o estado do Pará. De acordo com especialistas, os grãos começaram a ser cultivados no Brasil, em 1721, porém a primeira exportação foi acontecer anos depois, em 1732.
Nessa época, o interesse do plantio de café ficava restrito aos lados do Ceará e da Bahia. Enfim, quando o cultivo se iniciou no Rio de Janeiro, em 1760, o cenário mudou; e o desbravamento irradiou a muitos estados criando parte da história do café no Brasil.
O cultivo, antes restrito ao Norte do país, passou a ser fomento econômico em vários locais brasileiros. Inclusive, com grande potencial em São Paulo e assim surgiram as mutações (que vieram a partir de cruzamento natural com variedades existentes na lavoura).
A construção histórica do café no Brasil
Essa construção transita pelos processos sociais do Brasil. Prova disso é a história do café colonial. Nessa época, o manejo era feito por escravos. Já o beneficiamento dos grãos (tirar as cascas do café) era realizado com uma máquina de pilões que funcionavam pela força da água – algo parecido com moinhos, sabe?
Depois disso, as sacas de café eram colocadas nos lombos das mulas e viajavam até o porto do Rio de Janeiro e de lá ganhavam o mundo. Dessa forma, durante os séculos 19 e 20, o café foi o principal responsável pela sustentação do Império do Brasil e da República.
O início do plantio nas lavouras brasileiras veio por meio dos próprios fazendeiros e comerciantes. Essas pessoas haviam juntado bastante dinheiro, desde que a Família Real chegou ao Brasil. Desse modo, os fazendeiros eram conhecidos como “Baroēs do café”, nos anos 1836 e 1837.
Em 1845, o Brasil era responsável por 45% da demanda de exportação de café no mundo. O plantio nas lavouras era muito rentável, por isso, o café tomou o lugar de exportação do açúcar – até então o produto mais exportado durante o Império.
O café e o contexto político no Brasil
O café foi fundamental também para o contexto político brasileiro. Tanto que a política do Café-com-Leite foi um revezamento de poder à frente da presidência entre São Paulo e Minas. Esses estados eram os principais produtores do Brasil.
Hoje em dia, o protagonismo do café mineiro na produção do café é indiscutível e Minas figura entre o maior estado produtor de café do mundo. Contudo, há produtores entusiastas, como no Paraná, que se dedicam na produção de café especial. Mas isso é assunto para um próximo texto e eu prometo não me esquecer.
Hoje, o café brasileiro é reconhecido em todo planeta pela qualidade dos grãos. Além disso, no país se concentra a maior produção do mundo nas regiões cafeeiras, o que significa ⅓ da produção mundial, coisa demais, né? A partir de hoje, semanalmente, eu estarei por aqui, no Blog do Festval, para compartilhar um pouco do meu conhecimento com vocês. Em caso de dúvidas, sugestões ou vontade de bater um papo, fique à vontade para me chamar no Instagram ou mandar um e-mail. Até semana que vem.
Instagram: @leomontesanto
E-mail: leo@coffeemais.com
Leo Montesanto
Fundador da Coffee ++, marca brasileira que nasceu com o compromisso de deixar no Brasil o café de qualidade que sempre foi exportado. Leo faz parte da terceira geração da família à frente no mercado cafeeiro e é um entusiasta do plantio do café especial.
Em 2018, ele ganhou o título de café mais pontuado do mundo durante o Cup of Excellence (principal campeonato de qualidade para produtores do mundo) com a variedade Geisha, que é a bebida oficial do Palácio Imperial Japonês.