O consumo de café no Brasil 

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O amor pelo café e o consumo da bebida é uma paixão nacional. E não falo isso movido à exageros, até porque o brasileiro tem realizado um movimento de valorização da terra. Isso é ótimo e fez com que o consumo de café especial no Brasil ganhasse expansão –  até mesmo por que, o paladar não retrocede né?

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Café: uma paixão nacional.

Mas antes de falar dos dias de hoje, voltaremos um pouco para que você entenda melhor sobre o processo de evolução do café, ao longo dos tempos. Em verdade, há alguns anos, observei como essa valorização estava condicionada por mudanças refletidas no consumo de café pelo mundo.

No Brasil, o café é muito mais do que uma simples bebida. No contexto histórico, social e cultural o “ouro marrom” brasileiro se tornou um símbolo e ainda hoje é fundamental para a economia nacional. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o café está presente em aproximadamente 80% das residências brasileiras

Falo de uma paixão nacional que atravessa gerações e está presente no consumo de café nas casas dos brasileiros. Sou a terceira geração da família à frente do café e sei na pele dessa relação de afeto que o café proporciona. 

A tradição do café no Brasil

O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, e também ostenta o título de segundo maior consumidor global da bebida — sendo que o primeiro lugar fica com a água. 

Esses números impressionantes refletem a importância do café na vida dos brasileiros. Até porque, o café está sempre presente: seja no clássico cafezinho no início do dia, nas pausas para um espresso ou nas confraternizações. Afinal de contas, você não convida para um café quem não gosta, né?

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O consumo de café no Brasil vai além da simples apreciação do sabor. A grande verdade é que a bebida é uma tradição enraizada na cultura brasileira. Prova disso são as cafeterias que se multiplicam pelo país oferecendo uma variedade de métodos de preparo, grãos selecionados e combinações criativas.

A produção de café no Brasil 

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Foto de Gregory Hayes na Unsplash

Além disso, o país possui regiões produtoras renomadas, como Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Bahia que se destacam pela qualidade dos frutos cafeeiros e pela diversidade de sabores.

O café também ganha espaço no mundo digital. As redes sociais estão repletas de influenciadores e especialistas compartilhando dicas de preparo, curiosidades sobre os diferentes tipos de café.

Diante desse panorama, fica evidente que o café é muito mais do que uma simples bebida no Brasil. É um elemento que une pessoas, desperta sensações e impulsiona a economia. 

Para exemplificar essa potência em um próximo texto vou apresentar a vocês o que são as ondas de consumo de café no mundo.

A descoberta dos brasileiros para o café de verdade

O consumo de café varia em diferentes partes do mundo devido a fatores culturais, hábitos alimentares e tradições locais. Para ilustrar esse processo, gosto de contar um pouco do que eu vivi em 2018, em Belo Horizonte, durante a Semana Internacional do Café (SIC)

O movimento de pessoas durante a SIC (uma das maiores feiras de café do Brasil) chamou minha atenção. Até porque, percebi que o povo estava ávido para descobrir as verdades sobre o café brasileiro. Na feira, as pessoas estavam atentas e queriam fazer descobertas. 

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Ali, elas descobriam que café é uma fruta, que por ser fruta e doce não precisa ser amargo. Além disso, elas puderam presenciar as experiências de harmonização do café especial, com diferentes tipos de receitas doces.

E sabe o que é mais lindo disso? Naquele momento, percebi o sentimento de nacionalismo do brasileiro em querer de volta o café de qualidade que sempre foi exportado. 

Meu legado nas lavouras de café

Nessa época, eu atuava como CEO das fazendas do Grupo Montesanto Tavares. Minha função era acompanhar cada etapa do processo produtivo do café potencializando a qualidade do café brasileiro.

Mas, eu tinha uma revolta interna em ver os melhores cafés das nossas fazendas sendo exportados, ou seja, os gringos chegavam, pagavam e levavam os nossos cafés de qualidade embora.

Esse sentimento cresceu, mas quando cheguei à SIC e vi o movimento intenso na feira, a minha revolta se transformou em tranquilidade. Foi aí que respirei fundo e sorri: o brasileiro estava ávido para o consumo do café especial que sempre foi exportado.

Aquele movimento me levou de volta à infância, já que, desde os meus 6 anos, eu tinha uma rotina na indústria de café com meu avô (o grande Aprígio Tavares, que foi quem me introduziu nesse mundo). 

Então, o saudosismo bateu e me lembrei do meu avô, com os olhos marejados ele sempre me falava:

Meu filho, o sonho da minha vida é ver os brasileiros tomando o café que sempre foi exportado

Deu para vocês entenderem como eu estava me sentindo pós-feira, né? 

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Esse sonho se tornou real e nos próximos capítulos da minha coluna aqui, vamos adentrar nas “ondas do café especial”. E eu também vou te falar o que decidi fazer em prol de realizar o sonho do meu avô, que começou sua história no café no dia 06 de outubro de 1953.

Escrito por Leo Montesanto**

Fundador da Coffee ++, marca brasileira que nasceu com o compromisso de deixar no Brasil o café de qualidade que sempre foi exportado. Leo faz parte da terceira geração da família à frente no mercado cafeeiro e é um entusiasta do plantio do café especial.

Em 2018, ele ganhou o título de café mais pontuado do mundo durante o Cup of Excellence (principal campeonato de qualidade para produtores do mundo) com a variedade Geisha, que é a bebida oficial do Palácio Imperial Japonês.

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