O profissional especialista em café é um importante ponto da cadeia produtiva do setor. Mas ele trabalha em sintonia com muita gente especial a fim de potencializar a qualidade dos grãos. Até porque, café é conexão e união de muitas mãos, que movimentam a economia do Brasil.
Para fazer café especial é preciso pensar especial e cada etapa na cadeia produtiva é fundamental para potencializar as qualidades sensoriais do nosso café. Como eu já falei aqui, o cuidado do produtor se inicia na seleção da muda e passa por cada pedaço do cafezal.
Como gosto de dizer, tudo é feito das pessoas certas no lugar certo. Quando eu assumi o cargo de CEO das fazendas do Grupo Montesanto Tavares, eu conduzi uma reunião e chamei todos os trabalhadores da Fazenda Primavera.
Qual o cargo mais importante do cultivo do café especial
Na ocasião, eu comecei o papo explicando que eu tinha uma única vantagem em relação a eles: “Eu nada sabia de café, então, eu podia perguntar tudo.”[risos]
Falado isso, comecei a perguntar qual a função tinha mais importância para a cadeia do café especial.
“Acho que o setor de pós-colheita.” Um rapaz levantou as mãos e respondeu alto.
“Ah, eu acho que é o operador de colheitadeira.” A moça do administrativo falou, entre risos.
Então, eu parei e sorri: “Então, vou falar para a dona Maria salgar a comida de vocês. Como vocês vão trabalhar com fome? Viu, como todo mundo é importante”, eu falei no meio da roda.
O café especial e a mão-de-obra de qualidade
No Brasil, a cadeia produtiva cafeeira gera cerca de 8 milhões de empregos diretos. Números do Ministério da Agricultura, que mostram a potência do setor agrícola brasileiro e o fomento de renda gerada ao país.
Cada pessoa na lavoura cumpre o seu papel fundamental, resultando na qualidade do produto. Para o café especial chegar até a xícara é um trabalho ritmado entre muitas funções: tratorista, mecânico, cozinheiro, motorista, trabalhador rural, engenheiro-agrônomo, técnico agrícola, Q-grader, entre outras.
Nesse contexto, todas as atividades são fundamentais e o profissional especialista em café é o responsável pela qualidade da bebida. Ele é chamado de Q-Grader (em tradução livre, o termo significa “avaliador de café”) e, na prática, esse profissional é comparado ao enólogo.
Assim como ocorre no universo do vinho, no café especial esse profissional passa por uma rigorosa “sabatina” e passa por um processo rigoroso de avaliação regido pela Speciality Association Coffee (SCA). A entidade é a responsável por criar os critérios de avaliação dos cafés arábicas.
O profissional especialista em café
Mas para chegar ao cargo de especialista de café não basta entender qualidade. Assim como um enólogo, é fundamental que o Q-Grader tenha vasto conhecimento da cadeia produtiva e entenda os caminhos que fazem do café especial diferenciado.
A proposta de certificação só é possível a partir de uma imersão completa em um laboratório com instrutor certificado pela SCA. Cada integrante vivencia experiências sensoriais, na prática, e o profissional aprende sobre análise olfativa e sensorial, ou seja, cheiros e gosto.
Além disso, ele também é treinado a avaliar os grãos a partir de protocolos técnicos. Viu como pensar especial no mundo do café especial é uma regra literal? O café especial tem sensações únicas e apresenta notas sensoriais que lembram chocolate intenso, frutas cítricas, frutas vermelhas, rapadura, entre outros. Experimente e ateste o padrão de qualidade atestados por pessoas apaixonadas pela lavoura.